No processo de envelhecimento, há uma progressiva diminuição funcional no organismo em geral, o que também ocorre com o sistema imune, que é programado geneticamente para ter suas funções diminuídas com o avançar da idade. Essa diminuição funcional imune pode ser chamada de imunosenescência, e é a causa doa aumento da vulnerabilidade a doenças na terceira idade, estando diretamente relacionada, portanto, à ocorrência de incapacidades funcionais, infecções, tumores e doenças degenerativas.
Desde a puberdade, há involução do timo, órgão linfóide que vai sendo progressivamente substituído por tecido adiposo, estando ausente em muitas pessoas. Essa atrofia, seguida da queda na produção de hormônios tímicos em função da diminuição do hormônio do crescimento, também característica do envelhecimento, leva à diminuição na secreção de timulina e de IL-7, e à redução da população e da diferenciação de linfócitos T virgens e da expressão dos receptores de linfócitos T (TCR). A diminuição dos linfócitos T virgens, é inicialmente responsável pela resposta imune celular reduzida frente a um antígeno, como é observado em idosos, por exemplo, na maior susceptibilidade a resfriados comuns.
Alterações hormonais importantes, características do envelhecimento, levam a alterações imunológicas específicas que minam de forma geral a resposta imune. A relação entre a alteração de cada hormônio e sua conseqüência específica está estabelecida na tabela abaixo.
HORMÔNIOS | FUNÇÃO IMUNOLÓGICA |
Aumento de glicocorticóide | Aumento de TNF-α e IL-6, diminuição da função NK,queda do número de receptores de linfócitos T (TCR). |
Diminuição de melatonina | Diminuição da produção de IL-2 e IFN-γpor linfócitos T CD4+. |
Diminuição do hormônio do crescimento | Diminuição de IGF-1, atrofia tímica, redução de linfócitos B. |
Diminuição de estrogênio | Atrofia tímica e apoptose de timócitos, alteração no rearranjo de receptores de linfócitos T (TCR). |
Diminuição de testosterona | Atrofia tímica e apoptose de timócitos. |
Diminuição de ACTH | Apoptose de timócitos e aumentona produção de IL-1. |
Diminuição DHEA | Diminuição na produção de IFN-γ e aumento nos níveis de IL-6 e IL-10. |
As alterações imunológicas nos idosos podem ainda ser explicadas de acordo com a hipótese inflamatória, que postula que essas alterações ocorrem como resposta à exposição, em fases anteriores da vida, a agentes inflamatórios e à forma diferenciada que cada organismo tem de reagir a estes estímulos. Foi demonstrada a relação da expectativa de vida com polimorfismos em genes envolvidos com mediadores inflamatórios, como as citocinas, uma vez que a alteração na produção tanto de citocinas pró (IL-1, IL-6, IFN-γ, TNF-α) quanto de anti-inflamatórias (IL-4, IL-10), influenciam na modulação e na eficácia da resposta do organismo a agentes agressores.
Foi concluído que indivíduos predispostos a uma resposta inflamatória de baixa intensidade apresentam maior chance de longevidade se comparados a indivíduos que possuem características genéticas determinadas por longos períodos de ativação imunológica constante na infância e na juventude, que apresentam menor expectativa de vida, pelo maior acometimento de doenças relacionadas ao envelhecimento. Como exemplo, pode-se dizer que alterações genéticas que causam baixos níveis de respostas inflamatórias podem auxiliar o organismo a controlar as complicações subseqüentes à aterosclerose, e que a secreção aumentada de citocinas pró-inflamatórias, especialmente TNF-α, IL-1β e IFN-γ, está envolvida na imunopatogênese da neurodegeneração característica da Doença de Alzheimer, por induzir maior produção do peptídeo β-amilóide.
Além das explicações aqui discorridas para a imunosenescência, sabe-se que fatores psicossociais como depressão e estresse e as alterações do ciclo circadiano, inerentes à idade, que causam modificações no sono e redução da reserva funcional, também estão associados com a morte de linfócitos e diminuição da eficácia imunológica no envelhecimento.
Referência:
www.portalinclusivo.ce.gov.br
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