quarta-feira, 11 de agosto de 2010

PAINEL - ALTERAÇÕES METABÓLICAS NOS IDOSOS



GH
O hormônio do crescimento (GH) está envolvido no controle do metabolismo, principalmente no sentido do anabolismo. Seu pico de secreção ocorre na puberdade e sua produção cai com a idade, alcançando uma relativa estabilidade, porém em níveis baixos, por volta dos 60 anos. O GH pode atuar diretamente nos tecidos ou através do IGF-1, que é um fator produzido principalmente no fígado, sob o estímulo do GH, e que atua nos tecidos-alvo causando os efeitos metabólicos característicos do hormônio do crescimento como, por exemplo, o aumento da massa óssea e muscular.
Com o envelhecimento ocorre um aumento na produção da somatostatina, hormônio inibidor da liberação do GH, e uma diminuição do GHRH, hormônio que induz a liberação de GH. Com isso há uma redução nos níveis do hormônio do crescimento, levando a características próprias da idade como a diminuição das massas óssea e muscular, assim como do metabolismo basal. Os efeitos da depleção de GH na velhice podem ser contrabalanceados por reposição hormonal, levando a uma melhora inclusive na memória, no rendimento cardíaco e no sistema imune, embora possa causar efeitos colaterais graves como, por exemplo, a cardiomegalia.

HIPOTIREOIDISMO
Outra alteração metabólica comum na terceira idade é o hipotireoidismo. Na forma subclínica, aquela assintomática, este problema atinge até quatorze por cento da população idosa. Um grave problema do hipotireoidismo nessa população é o subdiagnóstico. Isso ocorre, pois sintomas como pele escamosa, constipação, intolerância ao frio, fadiga são confundidos com características comuns da idade. Dessa forma, a doença evolui de forma silenciosa podendo ter conseqüências graves como edema pulmonar e insuficiência cardíaca. A forma mais comum de hipotireoidismo nessa faixa etária é a tireoidite de Hashimoto que consiste numa doença auto-imune com infiltração linfocítica, que leva à substituição gradual do tecido glandular por tecido fibroso, tornando a glândula tireóide progressivamente inativa.
Os achados clínicos nos idosos são: redução na captação de iodo, na produção de T3 e T4 e na distribuição de T4. O tratamento utilizado e bastante comum é a reposição hormonal, por meio de um hormônio sintético cuja molécula é idêntica à do hormônio T4. O hormônio T3 é produzido a partir da metabolização do hormônio T4 e, portanto, não precisa ser ingerido.

ESTRÓGENO
Em relação ao estrógeno, o que ocorre é uma diminuição de sua produção com o aumento da idade, levando a diversos problemas como disfunções sexuais e a menopausa. Nos idosos, uma conseqüência muito grave e comum relacionada à falta de estrógeno é a osteoporose. O estrógeno pode ser visto como um protetor do tecido ósseo, uma vez que inibe a reabsorção óssea, e com a queda na produção deste hormônio há acentuada queda na massa óssea de idosos de ambos os sexos, pois começa a existir maior reabsorção óssea em relação à neoformação. Sobre os mecanismos moleculares e celulares da ação do estrógeno põem ser citados:
• atuação nos osteoblastos induzindo a formação de matriz e a secreção de fatores ( como a TGF-β, fator de transformação de crescimento β) que inibem a reabsorção óssea e induzem a morte de osteoclastos;
• impedimento à formação de osteoclastos por dois mecanismos: o estrógeno atua sobre os monócitos que produzem IL-1 e TNF-α,diminuindo essa produção, com isso há diminuição das citocinas, inclusive dos fatores que estimulam o crescimento de macrófagos (M-CSF E GM-CSF) que então inibem a fusão das células precursoras dos osteoclastos. Outro mecanismo é a diminuição dos níveis de RANKL, dificultando a sua interação com o RANK e, portanto, a fusão dos precursores de osteoclastos;
• Além de impedir a formação dos osteoclastos o estrógeno induz a inativação das proteases que são usadas pelos osteoclastos para degradar o osso.

REDUTASES E HIPERTENSÃO ARTERIAL
No que diz respeito à hipertensão arterial, que tem uma ocorrência comum em idosos, há uma estreita relação com enzimas chamadas redutases, em especial a redutase da metahemoglobina e a redutase da glutationa. Com a idade ocorre o aumento do estresse oxidativo e a diminuição dos mecanismos protetores do mesmo, o que leva a diversos agravos como, por exemplo, o enrijecimento dos vasos sanguíneos, que está diretamente relacionado à hipertensão. No processo de envelhecimento ocorre uma diminuição da produção de óxido nítrico pelas células endoteliais e sanguíneas, que evita a hipertensão, por ser vasodilatador, evitar a agregação de plaquetas e proteger os eritrócitos da eritroptose, dano que ocorre em função do excesso de espécies reativas de oxigênio (ERO). As ERO atuam nos eritrócitos transformando a hemoglobina em metahemoglobina, proteína que nesta forma é incapaz de transportar o oxigênio. Neste ponto atua a redutase da metahemoglobina, fazendo com que a metahemoglobina retorne à forma de hemoglobina para ser novamente funcional no transporte do oxigênio. A redutase da metahemoglobina é uma enzima dependente de FAD E NADH .
O óxido nítrico reage com as ERO e entra nos eritrócito, onde reage com a oxihemoglobina, que se transforma em metahemoglobina e regenera o óxido nítrico. A metahemoglobina formada volta à forma de hemoglobina através da ação da redutase da metahemoglobina e o óxido nítrico é aos poucos liberado da célula. Assim, o óxido nítrico atua retirando as ERO de circulação.
A redutase da glutationa é uma enzima que reduz a glutationa, proteína que na forma reduzida atua no combate às ERO. A redutase da glutationa depende de FAD e NADPH.
Nos idosos, estudos apontam o excesso de medicamentos, a má alimentação e a ocorrência de muitas doenças juntas, como potenciais causadores de deficiência em riboflavina (vitamina B2), precursora do FAD, o qual é fundamental para a atuação das duas redutases citadas.

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